quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Contos da época...






Apenas se ouvia o som crocante dos pés a enterrarem-se no manto branco. Já lhe era difícil caminhar nos nevões que ultimamente marcavam a época. As botas de couro, gastas, também já deixavam passar o frio.
Ás costas levava a mochila com algumas provisões para a noite que se avizinhava , alguém lhe tinha dado um bom pedaço de galinha e um pão. Com mais umas batatas que tinha, faria com certeza uma refeição digna de uma noite de Natal.
Para o velho Lázaro iria ser mais uma noite tranquila e só.
Fora assim tantos anos que já nem notava a diferença. Mas sentia saudade, saudade da melhor companhia, a mulher e o filho. Todo aquele calor que sentia não só naquela noite, mas também em todo o sempre em que partilharam dias, noites, anos...
Passaram-se vinte e seis anos desde a ultima vez que os vira.
Ao caminhar para casa Lázaro parou por instantes na pequena aldeia coberta de neve. Todos tinham um leve sorriso na cara, sentia alegria no ar. Todos se preparavam para a noite que se avizinhava, fria. Mas também sabia que por muito fria que a noite fosse, nas suas casas haveria calor, o calor humano de partilhar.
Todos tinham alguém a quem dar um abraço e receber em troca, menos ele.
Lázaro sentia-se só, esquecido no mundo. Alguém seu conhecido o convidara para passar a consoada com a sua familia, mas ele não se sentia à vontade para o fazer e depois viviam longe.
Dirigiu-se para casa. A noite fez-se ver assim como as temperaturas negativas. O vento soprava na rua empurrando a neve contra os vidros das janelas.
Ao chegar, a velha casa de madeira estava fria. Foi buscar uns pedaços de madeira que acondicionara para o Inverno e colocou-os no fogão de ferro que jazia a meio da divisão, em pouco tempo o clima aqueceu. No chão um balde, aparava de quando em vez, as gotas de água da neve que derretia e que teimava cair devido a uma insignificante brecha no telhado. Teria que o remendar, mas agora só o poderia fazer quando o Inverno passasse.
Acendeu algumas velas para o alumiar.
Da mochila tirou o pedaço de carne e o pão, procurou as batatas que mantinha guardadas e descascou-as. Num velho tacho colocou água e juntou-lhes os tubérculos, num outro colocou um pouco de gordura, ervas do mato para dar sabor e a carne.
Lá fora a neve tocada pelo vento continuava a assolar as casas com as suas janelas e um frio insuportável fazia-se sentir até nos ossos.
Limpou a mesa e duma gaveta retirou uma toalha para a cobrir. Era vermelha com decorações a finos fios dourados. Fazia-lhe lembrar Magdala, a sua mulher, que tanta vez fez aquele gesto na consoada, o de requintar a mesa no Natal com o melhor serviço e a melhor comida. Lázaro fez igual, nunca o deixara de fazer desde que lhe retiraram Magdala .
Entretanto a refeição estava pronta a comer. Colocou ainda um pequeno jarro de vinho na mesa, era a única bebida que lhe aquecia o peito.
O usado Lázaro preparava-se agora para comer a refeição que preparara. Mas algo lhe chamou a atenção, parecera-lhe ter ouvido alguém bater à porta.
Escutou com mais atenção e não se enganara. Lázaro estranhou aquela presença.
"Quem é?" perguntou.
Do outro lado da porta uma voz respondeu-lhe: "Alguém que procura uma refeição..."
Lázaro receou abrir a porta. Recordou-se de Magdala, não pela noite em questão, mas pela forma que a levaram e já se sentia velho para se poder defender como outrora.
Do lado de fora voltou a ouvir: "...ou até mesmo um lugar quente onde passar a noite!"
Depois disto Lázaro repensou e os seus medos partiram. A comida que fizera chegava à vontade para mais uma pessoa, não tinha nada a perder.
Abriu a porta e deparou-se com um senhor mais velho que ele de barba curta e branca. Um capuz tapava-lhe a cabeça. Entrou e agradeceu a Lázaro.
Numa das mãos trazia uma garrafa com vinho. Tirou o capuz e só nessa altura reparou nos olhos profundamente azuis. Transmitiam-lhe serenidade.
Chamava-se Nikolaos e estava perdido. Sentaram se à mesa, comeram e conversaram durante várias horas.
Para Nikolaos aquela era a sua noite.
Para Lázaro aquela seria uma noite... diferente, pelo menos já tinha com quem falar e já sorrira um pouco.
O velho de barbas perguntou a Lázaro "Porque razão não estás com a tua família?"
Lázaro entristeceu-se, olhou o chão e pausou por momentos a conversa, depois contou a Nikolaos o que lhes tinha sucedido: "Há vinte e seis anos vivia do outro lado das montanhas com a minha família quando um dia os soldados vieram a cavalo e invadiram a pequena aldeia onde vivíamos. Disseram-nos que precisavam das mulheres e jovens. Separaram os homens das suas famílias e agruparam-nos à parte. Depois mataram-nos, apenas estou safo porque me fingi de morto no meio de tantos que conhecia... e tive que sepultar!!"
Nikolaos percebera agora o porquê de tanta dor nos olhos do caseiro.
Enquanto isso bebiam vinho, "É fantástico este teu vinho!" dizia Lázaro.
Já no cadeirão gasto e de copo na mão, Lázaro começou a sentir o cansaço no corpo, os olhos pesavam-lhe.
Nikolaos continuava à mesa, sentia-se confortável.
Lázaro adormecera com o som da pequena tempestade que corria lá fora.
Passaram-se horas desde que se sentara ali e descansava, mas algo o acordou.
Chamou por Nikolaos. Olhou em seu redor e encontrou-se de novo sózinho.
Ouviu bater: "Deve ser Nikolaos... saiu e agora quer entrar de novo!". Levantou-se, dirigiu-se para a porta e abriu-a.
Não havia ninguém na rua, pensou: "Estranho, pareceu-me ouvir de novo alguém bater!"
Voltou a fechá-la. Ao virar costas ouviu de novo o barulho de alguém que batia do lado de fora. Pegou no pequeno candeeiro, abriu de novo a porta e duas figuras encapuzadas aguardavam-no do lado de fora.
Lázaro ficou expectante: "Sim... posso ajudá-los?"
Do outro lado alguém o chamou com voz cansada :"Lázaro?"
Reconheceu-lhe a voz, o timbre, a doçura. Uma das figuras levantou a cabeça e deixou a descoberto os olhos.
"Magdala?" perguntou Lázaro.
Ouviu ainda um nome que só uma pessoa lhe tinha chamado: "Pai?"





terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Adoniran Barbosa - O trem das onze





Talvez cumplicidade!
Talvez preocupação!
Talvez interesse!

Pensem na letra!

"Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã,
Se eu perder esse trem
Que sai agora as onze horas
Só amanhã de manhã.
Além disso mulher
Tem outra coisa,
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar,
Sou filho único
Tenho minha casa para olhar
E eu não posso ficar."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pensamentos!!




Hoje a viatura que seguia na minha frente tinha colado um "Tó colante" no vidro traseiro que me deixou, honestamente, a pensar na vida cada vez mais "stressante" que levamos.
Já há uns tempos que não me passava algo pela cabeça:

"Trabalha menos; vive mais!"

domingo, 6 de dezembro de 2009

Coisas!!


  Caros leitores, ultimamente tem-se falado muito em protecção, principalmente sobre a gripe "xpto"... H1N1. Essa mesmo!
  Convém não esquecer que há "coisas"  que não devemos deixar que passem a esquecido!
  Para tal deixo-vos um pequeno video, talvez hilariante, de uma outra forma de protecção que tantos esquecem que existe dado o aperto e pressa no acto de...
  Bem, observem... ! ;-)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Histórias da Geia - "Cantos e encantos."




Os Gog Magog podiam viver a maior parte das suas vidas no mar, a navegar.
Não importava o tamanho que o mar tinha, houvesse ondas grandes ou pequenas, os Gog Magog na água sentiam-se como uma minhoca na terra.
De volta às planícies de Anuros, depois de quase quatro dezenas de dias no mar a pescar, Adamastor gostava de ver o sol tocar a linha que separa as águas do céu, desta vez de terra firme.
Para ele, aquele momento era mágico.
As cores laranja misturadas com tons de vermelho naquela altura do dia ganhavam ao azul que comandara quase toda a jornada.
Mas não era só por isso que estava ali.
O gigante gostava de se sentar no enorme rochedo que jazia fora de água numa das centenas de pequenas praias de Anuros. Abstraía-se de tudo e de todos os que estavam nas planícies.
Muitos deviam conhecer aquele lugar, aquela enorme rocha, mas só ele sabia o segredo que ela escondia.
Do cinto largo de pele tirou a espada, manejava-a com destreza, mas agora dava-lhe descanso. Pousou-a no chão.
Dobrou as pernas escamadas e sentou-se na rocha ainda quente pelo sol. Reconhecia perfeitamente aquele cheiro e sabor. As finíssimas gotas da maresia tocavam-lhe a face, enchiam-lhe o nariz... deixavam-lhe um fino gosto a sal.
Olhou para baixo, para o mar calmo e avistou-as. Moviam o corpo entre as ondas calmas no final do dia.
Adamastor sentia que outrora os Grandes se sentiram atraídos por elas e que é por isso que ele hoje é assim, meio gigante... meio peixe assim como todos os outros Gog Magog.
Num pano trazia embrulhada uma peça de madeira, oca e perfeitamente perfurada, uma flauta. Passaram-se séculos desde que o ultimo gigante soube tocar tal instrumento com sons semelhantes. Era um dos oito que desaparecera após a mortandade de pupilos e mulheres.
Voltou a olhar para o mar límpido, conseguia ver o fundo de areia.
Os cabelos negros pendiam-lhe para os olhos agora cerrados. Deu um ligeiro sorriso e levou a flauta à boca. O som que saía da peça era fascinante, encantador... mágico.
Lá em baixo, entre as ondas, as Melusinas que tinham a fama de fazer naufragar barcos com os seus cantos deliciavam-se com tamanha melodia.
Mas Adamastor tocava para ouvir... ouvir o canto único daqueles seres; que respondiam com sons dóceis à flauta do gigante. Pareciam chamá-lo para o mar ou talvez pedir para dali saírem. Para ele aquele momento fazia-o recordar um talvez "amor interdito".



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pensamentos!!




"O que nos resta do passado são memórias.
Do futuro nada sabemos!"


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Destinado...


Ela sorri, tenta fazê-lo com naturalidade. Mostra ao "mundo" que afinal é feliz e o "mundo", que a rodeia, diz-lhe isso mesmo, que tem tudo para o ser.
Acha que é valorizada o suficiente... e assim se acomoda ao final do dia, depois de mais uma jornada de trabalho, nas vulgares lides da casa.
Quando o marido chega já tem tudo na mesa, senta-se e é só servir-lhe a comida acabada de fazer. Depois ele volta a sair. "Talvez" vá ao café como sempre foi hábito fazê-lo. Pensava ela!
Muito mais tarde ele volta a entrar com os cheiros usados no corpo, para não dizer fétidos dos sítios por onde passou toda uma noite.
Ela dormia, cansada.
Deita-se ao seu lado sem uma palavra de carinho, afecto... apenas  com o intuito de mais uma vez "servir-se e ser servido".
Rui Veloso, um  Sr. da musica portuguesa,  consegue numa canção incluir o toque de quem se sente "objecto" e com uma decisão que estava escondida, ou talvez guardada nos recônditos dum belo Ser,  passou a ser a maior pessoa do mundo.
Velhinho este som, mas é o quadro pintalgado de tantas mulheres nesta Terra!
Para muitos esta é uma das melhores musicas "do" Rui, mas também uma das mais lindas letras. 




Saiu para a rua






Saiu decidida para a rua
Com a carteira castanha
E o saia-casaco escuro
Tantos anos tantas noites
Sem sequer uma loucura
Ele saiu sem dizer nada
Talvez fosse ao teatro chino
Vai regressar de madrugada
E acordá-la cheio de vinho
Tantos anos tantas noites
Sem nunca sentir a paixão
Foram já as bodas de prata
Comemoradas em solidão
Pôs um pouco de baton
E um leve toque de pintura
Tirou do cabelo o travessão
E devolveu ao rosto a candura
Saiu para a rua insegura
Vagueou sem direcção
Sorriu a um homem com tremura
E sentiu escorrer do coração
A humidade quente da loucura


(Carlos Tê/ Rui Veloso)









quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Divagar!! - O fogo da diferença.







"Criancinhas
A criancinha quer Playstation. A gente dá.
A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.
A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua. Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher. Desperta.
É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.
A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
A DEVIDA COMÉDIA
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.
Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha?
Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos."
Artigo publicado na revista VISÃO online.

E depois há "Aquela Geração".
 O que vale é que levei uns estalos, chineladas, puxões de orelhas, algumas cinturadas; irmãos e colegas com quem repartir.
Brincadeiras, essas eram mesmo com os colegas, não frente à tv ou ao pc (o que ainda era raro, havendo apenas aqueles mini jogos do Tétris, ou de algumas naves) a jogar, mas a maior parte do tempo numa certa rua mágica de seu nome S. Simão, onde o largo ou a fonte eram concerteza o ponto de encontro para iniciar mil e uma brincadeiras com dez ou mesmo quinze personagens... ou fossem elas quantas fossem.
"Mesada", ou melhor "diária", era só para a carreira que hoje se chama "BUS" e por força do destino comecei a trabalhar no mês em que fazia catorze, ou seria mesmo "quatorze" anos?
Mas também vos digo que não seria isto ou a falta disto que me faria melhor ou pior que os outros... ou terá sido também por isto que hoje sou o Ser que sou?
  



domingo, 15 de novembro de 2009

Histórias da Geia - O ultimo pensamento.









Os olhos começavam a perder o brilho.
Nas masmorras tinham sido esquecidos durante gerações e gerações. Nos antigos terrenos de Thórbiorn foram vários os reis que caíram e mandaram... sem saberem que nos seus calabouços existiam oito celas esquecidas no tempo.
A pequena guilhotina junto ao chão, na porta de madeira suja e riscada por outros que por lá passaram antes, era o único contacto que tinham com o mundo exterior. A malga entrava com água e o prato de metal com aquela imunda papa e um pouco de pão por vezes duro.
Foi assim durante... muitos e muitos anos.
Faziam quase duas vezes a altura de um homem. As suas pernas cobertas de escamas, barbas longas, olhares profundamente coloridos e com uma força inigualável os Gog Magog perdiam a imunidade fora das terras de Anuros.
Antes de fazer parte do exército de Rasjasthan, o hoje Ariton assim como os outros sete, formavam um pequeno exército. Passavam-se meses que não viam as planícies verdejantes onde corriam fios de água límpida e fresca e onde havia pequenos lagos de água quente onde os gigantes se banhavam.
Ora no final de um dia, junto das fronteiras de Anuros, os oito depararam-se com uma vintena de homens caídos por terra. Sabiam que eles existiam de histórias remotas, mas era a primeira vez que viam homens naquelas paragens.
Estranharam a presença de tais figuras por aquelas bandas.
No cimo duma colina, o hoje negro Ariton, gritou “Amaldiçoados sejam!!”. Todos os outros correram para ele.
No outro lado da colina alguns dos seus filhos jaziam por terra, assim como algumas das suas mulheres.
Podiam ser grandes de estrutura ou meter medo até à maior das figuras que pisavam a Geia, mas era maior o amor ao que era seu, os seus filhos... as suas mulheres.
Enquanto brincavam nas colinas de Anuros um batalhão de homens atacou os pupilos e algumas das mulheres, entre elas Anfitrite. Deceparam-lhes membros com o intuito de não mais sobreviverem, depois fugiram.
Mas os oito das planícies não mais voltaram a Anuros.
Seguiram para lá das montanhas anos a fio.
A bondade que tinham deu lugar à malvadez, o tempo que passaram a procurar o acto de mortandade contra os seus filhos e mulheres fez-lhes sede de matar... de vingança.
Cavalgaram montes e vales e aniquilavam tudo o que lhes aparecesse no caminho.
Até que encontraram o que tanto queriam,o pequeno reino do homem. Os poucos Obours que tentavam penetrar as suas linhas facilmente foram aniquilados pelos gigantes.
E assim os gigantes entraram. E todos os homens, mulheres e crianças que cruzavam os seus caminhos eram mortos nas piores das formas. Nada escapava.
Rasjasthan, o asqueroso, sabia o que se estava a passar e deixou que o seu plano decorresse como o planeado.
Passou-se pouco mais de um ano escondidos nas terras do homem, a emboscar, a queimar pequenas aldeias... a matar. Até que o homem tomou precauções.
Ora os homens souberam que os gigantes perdiam os poderes fora das suas terras e uma vez feridos cairiam por terra como qualquer outra criatura.
Numa noite, três batalhões de homens cercaram o lugar onde os sete descansavam. Foram arremessadas redes sobre cada um dos gigantes antes que estes acordassem, limitar-lhes-ia os movimentos e o rei queria apanhá-los vivos.
Foram precisos mais de quarenta homens para cada um dos gigantes e para parar a força de cada um dos Gog Magog. Mesmo assim houve baixas da parte dos Thórn.
Foram julgados, acorrentados e levados para as masmorras onde iriam passar o resto dos seus dias.
O tempo continuou a passar e numa das noites, o próprio Rasjasthan, com as suas artimanhas conseguiu entrar nas prisões onde estavam os oito esquecidos.
Aí tentou-os. Ainda assim Ariton opôs-se a tal proposta, mas do outro lado conseguiu ouvir os outros sete a serem comprados pelo lado das trevas.
Rasjasthan uma vez mais voltou atrás e do lado de fora da porta voltou a propor ao gigante: “Preferes continuar o resto da tua vida de mortal enclausurado nessas quatro paredes e esquecido, ou preferes ser comandante de bravos exércitos como aquele que tenho para ti... para que possas continuar a aniquilar estes... estes homens que te traíram e vida eterna?”
Ariton pediu um momento para pensar antes de dar uma resposta. Queria apenas recordar uma vez mais as grandes planícies verdes de Anuros onde corriam fios de água, dos pupilos que brincavam desde o raiar do sol até este se pôr. Dos grandes Unicórnios que se alimentavam nos pomares de fruta, mas havia um brilho que se queria recordar pela ultima vez, o brilho do olhar de Anfitrite.
O tempo passou... esqueceu-os para uma vida eterna.

sábado, 14 de novembro de 2009

Pensamentos!!



Xeque-mate!!
Há uns anos passava uma publicidade bastante apelativa, que ainda hoje existe, em relação a pessoas diferentes de nós (ou será de nós diferentes das outras?).
Muitas dessas "diferenças" eram apenas pessoas de desigual etnia, sociedade, grupo social, cor, etc, etc... portanto "diferenças".
É a velha história do palhaço rico e do palhaço pobre!
A publicidade "diria" algo do género... "Todos diferentes, todos iguais".
Há um ditado italiano que gosto de usar em tantas situações que tenho a convicta certeza que nestes casos não haverá diferença, pois o fim será o mesmo para todos:

"No final do jogo, o rei e o peão, voltam de novo à mesma caixa!"



segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Divagar!!


Todos sabemos que o nosso país está a atravessar um péssimo momento, o que já vem de há muito tempo!
Sinais de melhoras não há!
Até aqui estamos de acordo!
Agora vejamos a "facilidade" das coisas.
Talvez se fizessem umas greves em massa, que atingisse os principais sectores da economia, onde por ex. se fizessem descargas de muita ME..A à porta duma assembleia, parlamento, etc., etc. e chamasse a atenção dos poucos que vivem bem, digamos mesmo dos meia dúzia de mandatários que nada percebem desta "cena", nas terras de D. Afonso H..
Aconselhava mesmo a uma segunda revolução... igual ao último 25 de Abril de que tanto e tão pouco (alguns) conhecemos.
Gostaria que todo o povo português que neste momento vive com intensidade a crise, e olhem que são "mais que muitos", emigrasse.
Isto por uma razão, não se enchia mais a barriga a porcos, ou seja, seriam poucos ou mesmo nenhuns os que trabalhariam (se é que sabem o que isso é) para próprio auto sustento e depois... bem e depois iam mandar para o "Zé do Alho"  não tendo mais ninguém a quem pôr a mão no bolso!!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Pensamentos!!



"Para se chorar... terão que haver lágrimas!"


domingo, 11 de outubro de 2009

Histórias da Geia - "Toquei-lhe com os pés!"



Nos vales circundantes do Lago dos Nenufarões, nas terras de Orionídeas, a pequena princesa passava os dias a brincar.
Os enormes bosques, verdes por natureza e durante todo o ano, eram o local privilegiado pela pequena.
As aias que passavam os dias a seu lado, tentavam a todo custo satisfazer os pedidos da pupila. A esperança dos Orion estava também depositada naquela criança. Viria concerteza a ser uma raínha, mas até lá os conhecimentos dos mais velhos, sábios, descendentes do grande Orionídeas, lhes seriam passados para que o povo que vive perto dos dois centos de anos, tenha quem os guie nas horas mais difíceis. A pequena Celeno, como todos os Orion enquanto pequenos, tinha cabelo ruivo e só ganharia a cor vermelho quando adulta.
Celeno gostava de brincar num baloiço. Dizia que um dia tocaria as nuvens com os pés de tão alto que o baloiço a enviava. As aias sorriam entre elas e até mesmo os guardas riam com a tamanha imaginação da pequena.
Três anos passaram e a pequena Celeno, numa das quentes noites nas terras do lago, fez ao seu pai um pedido. Que lhe construísse um balouço que atravessasse o vale dum cume ao outro.
Caliope o rei, com sabedoria e calma sorriu para a pequena de olhos verdes profundos e explicou-lhe que não era fácil satisfazer o seu pedido.
Celeno saiu com os olhos molhados. Era o seu maior sonho, tocar as nuvens com o balançar do baloiço.
A pequena Celeno cresceu. Era exímia a face de tonalidade clara e salpicada por pequenas sardas. Agora, já os seus cabelos se vestiam de vermelho.
O rei já lhe tinha dado algum poder para governar. Nas terras sagradas do Lago dos Nenufarões Celeno já tomava decisões sem perguntar ao pai, este mantinha toda a confiança na sua filha, assim como o seu povo.
Para breve as monções abatiam-se sobre as terras de Orionídeas. Com intervalos de sete anos, três a cinco dias de chuvas tépidas acompanhadas por ventos fortes varriam todo o vale na direcção sul.
Celeno contou ao pai quais a suas intenções, iria necessitar de todos os homens livres pois a sua obra teria que ser construída rapidamente. Era escasso o tempo.
Caliope olhou bem fundo os olhos de Celeno, os seus olhos verdes conferiam-lhe determinação.
Mesmo assim o rei tentou fazê-la mudar de ideias. "Iria perder credibilidade perante o povo e por um 'sonho de criança' inatingível", argumentou.
Ora todos os homens foram chamados e o abate de árvores começou por ser feito. Todos estavam descrentes e ainda não sabiam para que queria ela tamanha artimanha, mas as ordens eram superiores.
De um lado do vale, no seu cume, um aglomerado de madeira começava a ganhar forma. Troncos entrelaçados, dispostos de maneira a que se mantivessem unidos e de pé conferiam uma ponte. Do outro lado um segundo grupo fazia o mesmo.
O tempo passou rápido e as monções aproximavam-se.
Os dois cumes estavam agora unidos e Celeno tinha a oportunidade de completar o seu sonho.
Umas da aias, aquela que sempre prestou mais atenção à pequena Celeno, ao ver a obra terminada disse-lhe "Desde que o sr. Seu pai lhe negou este sonho, que as noites da menina foram tudo... menos tranquilas. Recordo-me de vê-la acordar a olhar o céu numa esperança única e hoje vejo que daqui em diante essa esperança será alcançada, pelo menos tentará! A pequena Celeno dormirá melhor!" Nas mãos da aia um balouço, igual áquele em que brincava quando era pequena, pousava com flores coloridas. Atrás de si uma quarentena de homens segurava enormes cordas que iriam ser atadas nas pontas, pendendo até bem ao fundo do vale, a meio da construção de madeira.
A princesa, de cabelos vermelhos, olhou a aia, sorriu e dirigiram-se para o vale.
Celeno sentou-se no baloiço. O céu estava limpo e a lua cheia iluminava o vale. Todos esperavam pela ordem da princesa, mas ela ordenou-os que voltassem para casa.
A aia voltou para perto de Celeno e disse-lhe "Que ainda não haviam nuvens no céu".
Celena voltou a sorrir com delicadeza para a preocupação da aia. Sussurrou-lhe ao ouvido. Depois falou em voz alta para todo povo "Agradeço-vos, mas hoje não necessito que me baloicem como sempre fizeram enquanto pequena. O vento ameno e forte encarregar-se-há de fazê-lo. Vinde alguém ao princípio da manhã! Agora ide!"
Todos voltaram para as suas casas.
Celeno olhava o céu e começou por sentir o vento, ainda fraco, a tocar-lhe as costas. O baloiço começou a mover-se, ora para diante ora para trás. Depois mais forte, a princesa atou as mãos, uma a cada corda para que não caísse. O vento continuou mais forte, o baloiço ganhava altura, depois ainda mais forte.
Celeno conseguia ver o fundo do vale, onde jazia o Lago dos Nenufarões. Sentia-se leve como quando brincava quando era pequena, baloiçada pelas mãos finas das aias.
Naquela noite não choveu como previsto, mas soprou um vento forte, poder-se-ia dizer também que foi afável.
Na manhã seguinte os ventos acalmaram.
O rei e a aia voltaram com uma comitiva de guardas ao vale onde estava o baloiço. Celeno estava exausta, adormecera ainda atada às grandes cordas que a suportavam. Pegaram-lhe com delicadeza.
Ao passarem na rua, o povo olhava-a incrédulo. Como era possível uma futura rainha governar o seu povo com tais atitudes?
A noite caíra e Celeno continuava nos aposentos, acompanhada das suas aias. A princesa, com um gesto, chamou a aia que a acompanhou de perto desde sempre. Esta baixou-se perto de Celeno para a escutar melhor. Disse-lhe "Recordas-te do sussurro de ontem?"
A aia olhou-a nos olhos, levantou-se e correu para a rua. Falou alto "Olhai! A lua tem duas marcas que antes desconhecia!", voltou para dentro a correr.
Celeno continuava calma, voltou a sorrir para a aia


"Eu disse-te... que o meu sonho estava maior...!!"


domingo, 13 de setembro de 2009

Os Cinco... na praia de eleição.




Pois é, depois dumas férias bem merecidas há que recordar.
Os Cinco juntaram-se frequentemente na praia. As brincadeiras de miúdos, futebol praia (que incluiu algumas nódoas negras), banhos de sol e muitas "carreiras" nas fantásticas ondas na praia de Vale Furado deram sabor a um mês de Agosto, digamos que "apetitoso".
As belas miúdas que se banhavam naquelas águas concerteza que não passaram despercebidas aos olhos de alguns dos membros do grupo, assim como algum comentário que não deixou de ser notado.
Meus amigos... a repetir!!!



domingo, 19 de julho de 2009

Pai de Ferro... algodão doce!



O médico disse: " Esquece Rick, põe-no numa instituição. Ele não vai fazer mais nada o resto da sua vida."
Mas o pai não o fez, pois a sua inspiração estava no seu filho.
PAI é um termo muito forte para quem tem este cargo, mas fácil de carregar quando o resultado é apenas dar ao filho a sensação de "vencer", chegar ao fim.
O Ironman é um dos maiores triatlos do mundo. Consiste em nadar 3,86 km, pedalar 180,25 km e para finalizar uma prova de atletismo de 42 km. Uma prova que por si não é fácil pois é tudo feito sem pausas onde aqueles, que menos esperamos ver, aparecem... e ganham!
O pai Dick leva o filho Rick!
Para a equipa Hoyt a meta... é a chegada.
E para Dick, o pai... isto não custa nada!
Assistam... deliciem-se!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Também tu!!



Movem milhares!
Sensibilizam milhões!



Larry Mullen Jr. (baterista), Adam Clayton (baixista), The Edge (guitarrista) e o vocalista Bono Vox. Estes quatro Senhores formam os U2, a maior banda de poprock do mundo.


Estiveram este fim-de-semana em Paris com dois concertos agendados, um no Sábado dia 11 e outro Domingo dia 12 e podem crer que levaram (mais uma vez) o público ao rubro com a 360º Tour.
O Stade de France encheu em ambos os dias!
Os "acordes" começaram era ainda dia.
Um palco, podemos dizer Espacial, assemelha-se a uma "aranha". Quatro enormes pernas assentam quase no meio do estádio elevando no ar as luzes, luzinhas e homens suspensos em cadeiras que direccionam projectores para todo o lado e durante todo o concerto.
Mas o melhor está para vir!
A colecção de colunas de som... O som? Esse é mesmo fantástico, onde tudo se compreende, não fosse esta banda mesmo... a maior, sabe-se lá porquê!!!

A imagem? Um gigantesco "écran" com um ângulo de 360º suspenso mesmo por cima dos quatro Irlandeses dava acesso, "visionarium", a todos os que frequentaram aquele espaço naquelas quase duas horas e meia de concerto.
A cor, a musica bem conhecida por todos nós, mas sempre com um intuito, apelar aos grandes do mundo em que vivemos que do outro lado, ou até mesmo aqui bem ao lado, alguém necessita de ajuda.
A ONE é uma organização internacional apoiada por dois milhões de pessoas de todos os horizontes sociais que luta contra a pobreza extrema e as doenças evitáveis, sobretudo em África. www.one.org
Mais uma vez a mensagem foi passada!
Estes são os U2.



Estive lá no dia 12!
Que noite fantástica!





U2, TAMBÉM TU TAMBÉM, U2, TAMBÉM TU TAMBÉM, U2, U2...u2, u2, u2...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Inocência, morte duas vezes.


O pai, caçador que era, tinha para tal feito os cães. Ajudavam-no na procura da caça, um coelhito aqui, outro acolá, no tempo em que os haviam. Podia mesmo voltar sem nenhum, mas não o cansava sair de madrugada, fizesse frio, calor ou mesmo que chovesse a cântaros.
E lá ia ele de arma ao ombro quando ia caçar ali nas redondezas.
Quando ia para mais longe o meio de transporte era uma motorizada, de cor azul e branca. Atrelava-se-lhe um pequeno reboque, metia-se-lhe dentro uma caixa de madeira devidamente preparada para o efeito e dentro dessa caixa os preciosos cães de caça, uns dois, ou três... ou quatro.
O pequeno José, gostava de ver o pai entretido naquelas andanças, gostava de o ver voltar para poder apreciar a caça que trazia, já que a maior parte das vezes o pai partia enquanto ele dormia.
José gostava especialmente duma pequena cadela branca, manchada de castanho de seu nome Estrela. Mas começou a tomar mais vezes atenção no pequeno animal quando soube que estava prenha. Quase todos os dias ia ver se a pequena estava bem no seu caldeiro de metal, uma lata vermelha à qual se lhe cortou uma extremidade. Lá dentro um pouco de palha servia de cama ao pequeno bicho.
Passaram-se uns meses e o final da Primavera aproximava-se.
Num fim de dia o seu pai entrou em casa com a notícia de que a cadela já tinha parido.
O pequeno José ficou contente e apressou-se a findar o jantar para poder ir ver os cachorros. Depois saiu e dirigiu-se para o caldeiro. A Estrela estava na rua, inquieta, presa pela corrente... mantinha-a esticada.
José achou aquilo estranho, baixou-se e espreitou para o fundo do caldeiro.
Lá dentro nada estava a não ser o fundo de metal e a palha. Os cachorros tinham sido retirados dali.
Procurou o seu pai e encontrou-o com uma enxada nas mãos a acalcar um pequeno pedaço de terra fresca. José, como criança que era, ficou desgostoso. Nem se atreveu a perguntar ao pai onde estavam os pequenos cães.
Ele sabia-o! O pai logo se prontificou a sair daquele lugar e o pequeno José seguiu-o.
Aquele dia tinha findado. Já em casa e na sua cama que o acolhia com mil cuidados, José sentia pena dos pobres animais. Tinha esperado tanto tempo para ver os pequenos bichos e num ápice o seu pai fê-los desaparecer.
O pequeno José sabia que o pai não fizera por mal, que também não queria fazê-lo, mas via-se obrigado a isso. Não se podia dar ao luxo de ter mais animais para cuidar.
José adormeceu. O dia tinha sido cansativo, nada que uma boa noite de sono fizesse recuperar.
No dia seguinte acordou cedo para ir para a escola. Naquela idade, tinha aulas durante todas as manhãs. Menos ao fim-de-semana, esse era para descansar, ou brincar mais um pouco.
Os seus pais tinham saído ainda mais cedo para o emprego e só voltariam no final do dia.
A manhã na escola custou a passar, fora longa. A avó esperava-o para o almoço. Ao chegar José devorou-o num ápice.
Tinha algo a fazer. Algo que não podia esperar!
Pegou numa enxada e procurou o sítio onde os cachorros tinham sido enterrados. No final do dia anterior, tinha marcado a terra com uma cruz para assinalar o local. Agarrou a enxada com afinco e precisão e começou por tirar a terra para o lado, pouco a pouco.
Aprofundou mais, mas sempre com cuidado para não estragar o tesouro que procurava... parou.
Um pequeno ganir chamou-lhe a atenção. Largou a enxada. Continuou com as mãos, a terra estava fresca.
Tocou-lhes e o coração acelerou-se-lhe.
José tinha encontrado os pequenos cachorros. Não queria acreditar que ainda estavam vivos.
Eram três, apressou-se a tirá-los daquele lugar.
Estavam cheios de terra, mas vivos. Após uma noite naquela cova os pequenos safaram-se.
José estava infinitamente contente.
Passou a tarde com eles. Deu-lhes banho, eram brancos e castanhos como a mãe. Alimentou-os com leite.
A avó ia fazendo as pequenas lides de casa... e ia assistindo a todo aquele quadro de emoções para o neto. Ela achava aquilo engraçado, mas ao mesmo tempo avisava-o que o pai iria chegar a casa.
José achava graça aos pequenos bichos, tão indefesos, mas tão fortes.
A tarde, essa passou a correr e o pai do rapaz também findava o dia no trabalho. José estava atento, tinha que ouvir o soar das 18h, hora em que o pai despegava, para tomar uma decisão... e aí estava ele. Aquele som alertou-o.
Correu a buscar três sacos de plástico, meteu cada um dos cachorros dentro de cada um dos sacos e voltou a enterrá-los. Mas desta vez deixar-lhes-ia a pequena cabeça de fora da terra, ou seja, enterrou-lhes o corpo de maneira a que pudessem respirar.
Voltaria no dia a seguir para mais uma visita.
Pouco tempo depois os seus pais voltaram e a primeira pergunta que o pai fez ao rapaz foi "se já tinha feito os deveres da escola".
José abanou a cabeça a dizer que não. O pai perguntou-lhe de novo "porquê?".
A avó que tinha assistido a todo aquele quadro contou ao pai do José o que se tinha passado nessa tarde.
O José nunca mais soube dos três cachorros.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Reflexões


Possivelmente terá sido a superfície da água que inspirou o fabrico do primeiro. Foram descobertos nos despojos da civilização Badariana do Egipto, junto ao Rio Nilo. De cobre, deixados pelo homem primitivo no quinto milénio a .C.
Mais tarde, construíram-se de prata, que é boa para tal, mas escurece com a atmosfera e precisa de ser frequentemente limpa, trabalhada... polida.
Os mais vulgares são formados por uma camada de prata, alumínio ou amálgama de estanho, que é depositada quimicamente sobre a face posterior de uma lâmina de vidro, e por trás coberta com uma substância protectora, o verniz.
Já os de precisão são obtidos depositando, por evaporação sob vácuo, a camada metálica sobre a face anterior dum vidro. Estes não podem ser protegidos o que implica que se realizem metalizações frequentes.
Existem diversos tipos, sendo os mais utilizados os planos e os curvos. Os planos são feitos numa superfície plana que produz imagens virtuais e simétricas dos objectos. Assim, a imagem dada por ele, é do mesmo tamanho que o objecto. Já os curvos "deformam" a réplica nele apresentada
Hoje em dia não conseguimos passar ser ter um em casa.
Mais usado na mão das senhoras como utensílio de retoque, é levado nas malinhas de mão, bem protegido para que não se parta.





É mágica esta peça à qual não deixamos de deitar uma olhadela, para ver caras, mas não corações.







O mais incrível é que todos... mas todos gostamos de se mirar no argenteo dum Espelho!





domingo, 5 de julho de 2009

Superior aos Psitacídeos!


Sir David mostrou-nos, em mais uma incursão nas florestas da Austrália, o canto que a Lyre Bird faz para atrair uma eventual parceira.

Não deixam de ser imitações pormenorizadas de tudo, levado à letra, o que a rodeia.

Desde o preparar o palco para a sua espectacular actuação, a Lyre Bird, transcreve pelo canto as máquinas fotográficas manuais e automáticas dos "turistas" que a visitam. Os alarmes automóveis... e com naturalidade que lhe é imposta pela Mãe Natureza, chamou-nos a atenção para o desbaste da floresta que habita, pelos sons dos motoserras tomados pelas mãos do Homem, que exterminam o pedaço de terra que não lhes pertençe.

Mais uma vez o primata racional tinha que passar... e fazer-se notar!

Ora vejam e ouçam!

Lyre Bird. (dic pt: lira- MÚSICA instrumento musical de cordas usado na Grécia Antiga; figurado arte poética; poesia; inspiração poética)

sábado, 27 de junho de 2009

Sombras na parede









Foi em 6 de Agosto de 1945. Cerca das 8h14m, vários bombardeiros B-29 da força aérea dos EUA sobrevoam Hiroshima.
Um deles, o Enola Gay larga a «little boy», que por força da natureza é sugada em direcção ao solo, a primeira bomba atómica a ser usada contra alvos humanos.
Um minuto depois, antes de tocar o chão, a cerca de dois mil pés de altitude (610 m) dá-se a explosão, próximo do edifício do centro de exposições da industria e que hoje é designado como «a cúpula da bomba atómica».
Era o centro da cidade.
Num segundo, uma enorme bola de fogo atingiu um diâmetro de 280 metros.A temperatura no solo chegou aos 5 mil ºC.
A 600 metros do epicentro a temperatura era de 2 mil ºC.


Tudo ficou queimado! Corpos desintegraram-se.
Sombras na parede, foi o que restou das pessoas que foram desintegradas pela explosão.




Vidros e estruturas de metal derreteram, prédios desapareceram, mesmo a dois quilómetros de distância, desmoronaram-se edifícios de cimento armado. A onda de calor intenso emitia raios térmicos, como a radiação ultravioleta. Devastando pessoas, animais e vegetação.
Houve ainda a agravante de as montanhas em volta de Hiroshima terem «devolvido» a onda de calor, atingindo mais uma vez a cidade.
Um minuto depois da explosão George Marquardt tirou uma fotografia.



Marquardt seguia num bombardeiro dos EUA, ao lado do Enola Gay. Segundo afirmou, “A luz emanada pela bomba era tão brilhante que não conseguia ver o co-piloto, sentado ao seu lado.”
Deixavam para trás um cenário de devastação.Naquela altura viviam em Hiroshima cerca de 350 mil pessoas.
Estima-se que tenham morrido, no momento da explosão e nos quatro meses seguintes, 140 mil pessoas, não apenas japoneses. Coreanos e chineses tinham sido levados para Hiroshima para trabalharem nas fábricas.
Aproximadamente 70.000 pessoas foram mortas como um resultado directo da explosão, e um número parecido de pessoas foram feridas. Um maior número de pessoas foram morrendo após a explosão devido ao resultado de radiações após o ataque chamado o “inverno nuclear”.
Porque a explosão se deu no centro da cidade e devido à grande concentração de casas numa área de três quilómetros em volta do epicentro, cerca de 90 por cento dos prédios ficaram queimados e destruídos.
Os sobreviventes foram atingidos por radiações e cerca de 35 mil feridos vaguearam pela cidade à procura de ajuda, no meio de cinzas, casas a arder e corpos espalhados pelo chão.
No dia a seguir à explosão ainda havia focos de incêndio, apesar da queda de uma chuva preta e oleosa que continha poeira radioactiva. Esta chuva acabou por contaminar outras regiões.
Quem sofreu o efeito das radiações ficou com queimaduras na pele e com alguns tecidos internos também afectados. As consequências, entre os que conseguiram sobreviver, perduraram durante longos anos.
Três dias depois, esta situação repetiu-se em Nagasaki e no dia 10 de Agosto o Japão declarou a rendição.


Yamahata, o fotógrafo de Nagasaki.

As fotografias tiradas
por Yamahata são o mais completo registo das bombas atómicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki tiradas logo após os ataques.
O The New York Times chamou as fotografias de Yamahata,
“Um pouco das imagens mais poderosas já feitas”.
Em 10 de Agosto de 1945, o dia depois dos ataques a Nagasaki, Yosuke Yamahata, começou a fotografar a devastação. A cidade estava morta. Ele caminhou através da escuridão das ruínas e de corpos mortos durante horas. Mais tarde, ele fez as suas últimas fotos próximo de uma estação médica, ao norte da cidade. Num único dia, ele completou o único registo fotográfico, logo após as bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.
“Um vento quente começou a soprar - ele escreveu depois - Aqui e ali... a uma distância eu vi muitos incêndios. Nagasaki foi completamente destruída”.

O choque provocado pela devastação causada pelas bombas atómicas perdura até aos dias de hoje.
O próprio Japão assumiu uma postura contra qualquer experiência militar com recurso do nuclear.
No dia 25 de Maio de 2009 uma notícia corria talvez por todo o mundo. O Japão apresentará um protesto formal contra a Coreia do Norte, através da sua Embaixada em Pequim, por realizar um segundo teste nuclear.
Depois do 6 de Agosto de 1945, foram poucas, as vezes que o Japão se envolveu em conflitos militares.

Mas esta é a história da Humanidade...
E continua!
Durante 91 anos, Kenzo Tange foi o símbolo de um Japão que se reergueu com orgulho após a derrota na II Guerra Mundial, o urbanista que plasmou em betão a síntese de uma cultura ancestral com as mais avançadas teorias e tecnologias de construção, o autor de alguns dos edifícios considerados entre os mais belos do século XX.
Tange foi o arquitecto que transformou o coração bombardeado de Hiroshima num aclamado Parque da Paz.
Em Hiroshima, a sua primeira grande encomenda (em 1949) foi um memorial e um centro que evocam os
túmulos japoneses e os pilotis corbusianos, onde "Tange alcança formas que movem os nossos corações, porque parecem emergir de algum antigo e ténue passado mas são espantosamente actuais", (afirmou o júri ao atribuir-lhe o prestigiado Prémio Pritzker, em 1987).
Hiroshima e Nagasaki, ainda hoje sentem os efeitos das potentes explosões.
As duas cidades foram reconstruídas mas quiseram que as marcas do horror causado pelas bombas não fossem esquecidas.
As memórias dos sobreviventes constituem um arquivo vivo.
Monumentos, museus e memoriais continuam a lembrar o que se passou em 6 e 9 de Agosto de 1945. Todos os anos estas datas são evocadas nas duas c
idades. Em Hiroshima concentram-se milhares de pessoas em frente ao mausoléu.
Nas margens do rio Motoyasu são colocadas lanternas flutuantes em memória das vítimas.


Recap. 6 de Agosto de 1945:
Enola gay, o bombardeiro pilotado por Paul Tibbets Jr. leva como carga a Mk1 baptizada de "Little boy". Uma bomba Atómica com 3,2 m em comprimento, 71cm de largura e pesava 4000kg.
Ao lado de Paul Tibbets Jr., seguia num outro avião fotográfico George Marquardt no Necessary Evil. Este voou à esquerda do B-29 de Paul Tibbets, o Enola Gay... e à direita de Charles Sweeney, que levava material explosivo.




Mas Hiroshima e Nagasaki foram reconstruídas:


Disse George Marquardt,
«Nunca me arrependi de ter participado no lançamento da bomba»,
acrescentou:
«Acabou com uma guerra terrível!»

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