domingo, 31 de outubro de 2010

Os nossos Poetas, da minha pertença...


Cisne

Amei-te? Sim. Doidamente! 
Amei-te com esse amor 
Que traz vida e foi doente... 

À beira de ti, as horas 
Não eram horas: paravam. 
E, longe de ti, o tempo 
Era tempo, infelizmente... 

Ai! esse amor que traz vida, 
Cor, saúde... e foi doente! 

Porém, voltavas e, então, 
Os cardos davam camélias, 
Os alecrins, açucenas, 
As aves, brancos lilases, 
E as ruas, todas morenas, 
Eram tapetes de flores 
Onde havia musgo, apenas... 

E, enquanto subia a Lua, 
Nas asas do vento brando, 
O meu sangue ia passando 
Da minha mão para a tua! 

Por que te amei? 
— Ninguém sabe 
A causa daquele amor 
Que traz vida e foi doente. 

Talvez viesse da terra, 
Quando a terra lembra a carne. 
Talvez viesse da carne 
Quando a carne lembra a alma! 
Talvez viesse da noite 
Quando a noite lembra o dia. 

— Talvez viesse de mim. 
E da minha poesia... 




Pedro Homem de Mello



1 comentário:

  1. Lindo...absolutamente lindo! Quando um dia fo grande, gostaria de saber escrever assim...

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