segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Histórias da Geia - "Os dois Reis!"






O rei chegava das Pontas de Gelo, as enormes montanhas que escondem os picos cobertos de neve nas altas nuvens. Era uma raridade verem-se dos sopés os seus cumes, estes mantinham o lugar característico, o frio, para que os seres que as procuram regenerassem forças.
Os Gárgulas suportavam as baixíssimas temperaturas de forma natural, seres de aspecto bizarro, legaram semelhanças aos recentes Orion, uma das espécies que Rasjasthan tentava manter em cativeiro no seu pequeno reino.
Seres fortes de corpo, de espírito, bondosos, mas com uma imagem que nada lhes conferia paz. Com um tom de pele mais escuro, olhos claros, poderosas asas nas costas, muito semelhantes à dos pequenos morcegos, assim como ágeis voadores mesmo na escuridão da noite.
O rei dos céus da Geia, sofrera numa batalha, um rasgo numa das asas o que o levou às montanhas. Lá os Gárgulas encontravam a paz que não encontravam nos sopés das montanhas. Já há uns tempos que mantinham um segredo nas câmaras gélidas, longe do rei das terras, o sombrio Rasjasthan.
Nos princípios da Geia, no começo, a Rasjasthan, Drökl e suas ninfas, os Grandes concederam-lhes a audácia de povoar a Geia com povos que dela tirassem proveito.
Assim apareceram os Orion, os Gogmagog, muito mais tarde viriam os homens seres descendentes de ambos, como tantos outros seres que assim povoaram as novas terras.
Mas o rei das terras, Rasjasthan, desenvolvera um estranho sentido de comandar os seu povo. Começou por sentir que o chicote seria a melhor forma de incutir o respeito e assim o seu povo o ouviria e obedecer-lhe-ia. Mas os séculos passaram e os Orion começaram a sentir-se escravizados.
Ora Orionídeas, o primeiro comandante dos Orion mandou chamar Drökl que se mantinha ocupado para outras regiões e contou-lhes a escravidão que Rasjasthan lhes queria impôr.
O rei Gárgula, descontente, voou para Érebo. Ao chegar à ilha nuvens negras abafavam o céu. Vira também um pequeno campo onde jaziam estacas com alguns Orion nelas penduradas.
Já se falava que havia um novo povo em Érebo com sêde de sangue, os Obours.
Drökl impôs-se a Rasjasthan relembrando-lhe o principal mandamento imposto pelos Grandes "Ensinai-lhes os caminhos da vida. Depois deixai que façam as suas próprias leis."
Mas Rasjasthan tinha provado o sabor do sangue, o poder de comandar com o medo e opressão, "Que vens tu fazer a minha casa? Tu és o sr dos céus, queres também o meu trono?".
Drökl ao ver as intenções de Rasjasthan respondeu-lhe "Não quero de forma alguma reinar nas tuas terras, mas não estás a seguir a lei dos Grandes". Relembrou-o ainda "Eles serão senhores dos seus caminhos e reis das suas terras e não estás a cumprir com os mandamentos dos Grandes. Parece-me que quem quer reinar sobre a Geia és tu Rasjasthan!"
O sr. das terras enfureceu-se com Drökl e puxou pelo chicote. De um golpe certeiro atingiu o rei Gárgula no pescoço.
A partir desse momento começaria uma guerra em defesa dos povos da Geia que duraria mais de um século e meio.
Depois disso os Grandes desceram dos céus tornando os dois reis mortais a golpes e aprisionando as suas invencíveis forças num lugar desconhecido e sagrado.
Os Grandes voltariam à Geia passado nove séculos para lhes ser restituida a imortalidade, até lá os reis teriam que esperar por uma nova decisão.
Rasjasthan refugiou-se em Érebo com as suas ninfas, continuava forte e mortal, mas nada se aproximava dele. Lá multiplicou os seus súbditos, comandou-os e conseguiu assim aprisionar os Orion e mais tarde os homens no seu pequeno reino.
Drökl voou para longe com os poucos Gárgulas que sobraram. Ninguém sabe onde permanece à espera.
Até lá, Rasjasthan vai açoitando aos poucos os povos da Geia com os Obours seus súbditos. Mata-os consumindo-lhes o sangue dando continuidade à sua prol.
Quando os nove séculos passarem será que ainda existirão povos livres na Geia?







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