E...
Quando caíamos e apenas se esfarrapavam os joelhos?
Quando chegávamos ao final do dia, contentes que o amanhã chegasse com a certeza que haveria mais tombos a dar e arranhões a riscar a pele. Mas levantávamo-nos sempre prontos para outro dia igual ou mais "fixe" que o anterior.
Quando levávamos os tais puxões de orelhas e açoites de chinelo, por entrarmos de noite em casa com as calças esfarrapadas nos joelhos e o calçado gasto na biqueira devido ao berlinde.
Quando se "tomava banho", no Verão, naquela fonte onde se juntavam os "filhos daquela rua" que nos viu crescer.
Quando se pedia emprestado a pequena bicicleta "só para mais uma voltinha".
Quando com um pedaço de pão barrado com manteiga e um sumo no saco, uma pequena cana, uns metros de fio de nylon, uma rolha de cortiça, anzol e umas minhocas se fazia uma grande dia de pesca.
Quando se levavam réguadas na escola por mau comportamento, trabalho por fazer, ou até mesmo por não conseguirmos acompanhar a aula.
Quando não se pagava electricidade, água, impostos, etc... Não trabalhávamos!
A isto chamei liberdade, ainda que em relação a hoje, talvez não lhe tivesse dado o devido valor, mas foi assim que fui feliz!
Hoje crescemos e preocupamo-nos com o que se vai discutir em casa logo à noite, entrar em conflitos por causa de políticas e ideais que bem podiam passar ao largo em vez de dar azo a um bom serão no sofá a beber um chá, a comer uma bela fatia de bolo e ouvir um bom som... em vez de entrar em confrontos.
Mas isto também é causador de efeitos secundários.
E lá caímos de novo... esquecendo-nos que temos um coração entre os ombros e um peito que devia servir de armadura onde nada deveria chegar ao músculo que nos tenta manter de pé... e depois sentimos o peito pequeno, a minguar, a amargura a ceder... e o sabor a fel carregado na boca.
Porque me deixaram crescer?
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Lembro-me bem destas cenas e tempos fixes!
ResponderEliminarHó tempo volta para trás!