sábado, 27 de junho de 2009

Sombras na parede









Foi em 6 de Agosto de 1945. Cerca das 8h14m, vários bombardeiros B-29 da força aérea dos EUA sobrevoam Hiroshima.
Um deles, o Enola Gay larga a «little boy», que por força da natureza é sugada em direcção ao solo, a primeira bomba atómica a ser usada contra alvos humanos.
Um minuto depois, antes de tocar o chão, a cerca de dois mil pés de altitude (610 m) dá-se a explosão, próximo do edifício do centro de exposições da industria e que hoje é designado como «a cúpula da bomba atómica».
Era o centro da cidade.
Num segundo, uma enorme bola de fogo atingiu um diâmetro de 280 metros.A temperatura no solo chegou aos 5 mil ºC.
A 600 metros do epicentro a temperatura era de 2 mil ºC.


Tudo ficou queimado! Corpos desintegraram-se.
Sombras na parede, foi o que restou das pessoas que foram desintegradas pela explosão.




Vidros e estruturas de metal derreteram, prédios desapareceram, mesmo a dois quilómetros de distância, desmoronaram-se edifícios de cimento armado. A onda de calor intenso emitia raios térmicos, como a radiação ultravioleta. Devastando pessoas, animais e vegetação.
Houve ainda a agravante de as montanhas em volta de Hiroshima terem «devolvido» a onda de calor, atingindo mais uma vez a cidade.
Um minuto depois da explosão George Marquardt tirou uma fotografia.



Marquardt seguia num bombardeiro dos EUA, ao lado do Enola Gay. Segundo afirmou, “A luz emanada pela bomba era tão brilhante que não conseguia ver o co-piloto, sentado ao seu lado.”
Deixavam para trás um cenário de devastação.Naquela altura viviam em Hiroshima cerca de 350 mil pessoas.
Estima-se que tenham morrido, no momento da explosão e nos quatro meses seguintes, 140 mil pessoas, não apenas japoneses. Coreanos e chineses tinham sido levados para Hiroshima para trabalharem nas fábricas.
Aproximadamente 70.000 pessoas foram mortas como um resultado directo da explosão, e um número parecido de pessoas foram feridas. Um maior número de pessoas foram morrendo após a explosão devido ao resultado de radiações após o ataque chamado o “inverno nuclear”.
Porque a explosão se deu no centro da cidade e devido à grande concentração de casas numa área de três quilómetros em volta do epicentro, cerca de 90 por cento dos prédios ficaram queimados e destruídos.
Os sobreviventes foram atingidos por radiações e cerca de 35 mil feridos vaguearam pela cidade à procura de ajuda, no meio de cinzas, casas a arder e corpos espalhados pelo chão.
No dia a seguir à explosão ainda havia focos de incêndio, apesar da queda de uma chuva preta e oleosa que continha poeira radioactiva. Esta chuva acabou por contaminar outras regiões.
Quem sofreu o efeito das radiações ficou com queimaduras na pele e com alguns tecidos internos também afectados. As consequências, entre os que conseguiram sobreviver, perduraram durante longos anos.
Três dias depois, esta situação repetiu-se em Nagasaki e no dia 10 de Agosto o Japão declarou a rendição.


Yamahata, o fotógrafo de Nagasaki.

As fotografias tiradas
por Yamahata são o mais completo registo das bombas atómicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki tiradas logo após os ataques.
O The New York Times chamou as fotografias de Yamahata,
“Um pouco das imagens mais poderosas já feitas”.
Em 10 de Agosto de 1945, o dia depois dos ataques a Nagasaki, Yosuke Yamahata, começou a fotografar a devastação. A cidade estava morta. Ele caminhou através da escuridão das ruínas e de corpos mortos durante horas. Mais tarde, ele fez as suas últimas fotos próximo de uma estação médica, ao norte da cidade. Num único dia, ele completou o único registo fotográfico, logo após as bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.
“Um vento quente começou a soprar - ele escreveu depois - Aqui e ali... a uma distância eu vi muitos incêndios. Nagasaki foi completamente destruída”.

O choque provocado pela devastação causada pelas bombas atómicas perdura até aos dias de hoje.
O próprio Japão assumiu uma postura contra qualquer experiência militar com recurso do nuclear.
No dia 25 de Maio de 2009 uma notícia corria talvez por todo o mundo. O Japão apresentará um protesto formal contra a Coreia do Norte, através da sua Embaixada em Pequim, por realizar um segundo teste nuclear.
Depois do 6 de Agosto de 1945, foram poucas, as vezes que o Japão se envolveu em conflitos militares.

Mas esta é a história da Humanidade...
E continua!
Durante 91 anos, Kenzo Tange foi o símbolo de um Japão que se reergueu com orgulho após a derrota na II Guerra Mundial, o urbanista que plasmou em betão a síntese de uma cultura ancestral com as mais avançadas teorias e tecnologias de construção, o autor de alguns dos edifícios considerados entre os mais belos do século XX.
Tange foi o arquitecto que transformou o coração bombardeado de Hiroshima num aclamado Parque da Paz.
Em Hiroshima, a sua primeira grande encomenda (em 1949) foi um memorial e um centro que evocam os
túmulos japoneses e os pilotis corbusianos, onde "Tange alcança formas que movem os nossos corações, porque parecem emergir de algum antigo e ténue passado mas são espantosamente actuais", (afirmou o júri ao atribuir-lhe o prestigiado Prémio Pritzker, em 1987).
Hiroshima e Nagasaki, ainda hoje sentem os efeitos das potentes explosões.
As duas cidades foram reconstruídas mas quiseram que as marcas do horror causado pelas bombas não fossem esquecidas.
As memórias dos sobreviventes constituem um arquivo vivo.
Monumentos, museus e memoriais continuam a lembrar o que se passou em 6 e 9 de Agosto de 1945. Todos os anos estas datas são evocadas nas duas c
idades. Em Hiroshima concentram-se milhares de pessoas em frente ao mausoléu.
Nas margens do rio Motoyasu são colocadas lanternas flutuantes em memória das vítimas.


Recap. 6 de Agosto de 1945:
Enola gay, o bombardeiro pilotado por Paul Tibbets Jr. leva como carga a Mk1 baptizada de "Little boy". Uma bomba Atómica com 3,2 m em comprimento, 71cm de largura e pesava 4000kg.
Ao lado de Paul Tibbets Jr., seguia num outro avião fotográfico George Marquardt no Necessary Evil. Este voou à esquerda do B-29 de Paul Tibbets, o Enola Gay... e à direita de Charles Sweeney, que levava material explosivo.




Mas Hiroshima e Nagasaki foram reconstruídas:


Disse George Marquardt,
«Nunca me arrependi de ter participado no lançamento da bomba»,
acrescentou:
«Acabou com uma guerra terrível!»

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